segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Trintão seu lindo!

Há quem diga que 30 é a idade do sucesso. Existem muitas teorias, filmes e livros. Muitas páginas de revistas com dicas de como ser feliz aos 30. Mas porque toda essa loucura com o número 30? Eu explico! Começamos a estudar muito novas e fazemos muitos cursos tudo trilhando o caminho do sucesso profissional e a tão sonhada estabilidade financeira. Durante esse período que leva em média dez anos, conseguimos namorar e até tentar desesperadamente encaixar alguém nesse árduo caminho... o pódio do agora você pode respirar, caminha devagar, senta um pouco. Mas é que agora que cheguei aqui, eu gosto desse lugar? Será que gosto da minha profissão?  E esses amigos, o que eu tenho haver com eles? Tô casada mas não tô feliz, tô solteira e tenho medo de não ter um filho! Será que eu quero ter filhos? Como você se imaginava aos 30? O que é sucesso pra vocês? Eu respondo! Na minha cabeça eu chegaria aos 30 casada, trabalhando em um lugar bacana e com filhos pra cuidar, pra levar na casa dos meus pais no domingo e me sentir plena, cumprindo meu papel de filha, mãe,esposa, profissional bem sucedida e realizada. Acontece que  há uns dez anos atrás eu estava conversando com uma amiga durante meu plantão da residencia, eu tinha 21 anos e ela 40, me disse sem cerimônia que ia estudar Direito depois de 20 anos trabalhando como Fisioterapeuta. Na hora eu sorri e fui gentil, disse todas as coisas legais que se deve dizer pra um amigo que está te contando um projeto. Mas por dentro eu pensei, que coisa triste, todo esse tempo jogado fora, ela escolheu errado, vai voltar ao inicio, que perda de tempo.  Tenho horror em desperdiçar tempo. Minha mãe me botava maior medo quando eu tirava nota baixa na escola "vai querer repetir o ano letivo todo de novo"?  Eu hein, Deus me livre! Essa minha amiga formou ano passado, tá super feliz! E a vida dela depois dos 30 dá o maior orgulho de ver. Está fazendo mestrado e estudando pra concurso. E quanto a mim? Eu estava super infeliz onde trabalhava, todo mundo percebia, mas eu não admitia. Meu pai, meu maior incentivador queria que eu voltasse a estudar, mas eu me sentia tão cansada, e só de pensar em sentar numa cadeira e alguém me chamar de estudante me arrepiava a alma. Lá estava eu, perto dos 30 e tudo bagunçado. Descobri que eu não conhecia o cara que eu amava, não ia rolar casamento, os amigos que me cercavam não me apoiavam em nada, sempre me colocavam pra baixo e eu quase não percebia que estava deixando outras pessoas tomar as rédeas da minha vida. Decidi fazer uma viagem, conheci pessoas e voltei cheia de ideias, eu precisava ir embora. Durante esse período ganhei uma amiga irmã, e outras amigas tão legais quanto ela. Ganhei uma festa de aniversário surpresa, TRINTEI!!! Conheci novas pessoas, pessoas de todos os lugares, tipo da Angola, Japão ...  Tô aprendendo um novo idioma , voltei a estudar e essa palavra ainda me  arrepia a alma, mas agora é de emoção! As teorias não servem de nada, só pra encher a gente de medo quando vê que nossa vida não está naquele ritmo, mas a vida é como ela é, como se apresenta, toca a música e a gente dança. E só os fortes sobrevivem, temos que nos adaptar as mudanças. Porque a verdade é que dormimos hoje sem saber se vamos acordar amanhã. Então pra que tanta ansiedade em fazer as coisas acontecerem? Eu não sei! Mas tô aprendendo muito sobre isso. Quando fiz minha primeira faculdade, eu sabia tudo que ia acontecer, a especialidade que eu queria, onde gostaria de trabalhar e tudo aconteceu do jeitinho que planejei, mas não senti o que achei que sentiria ao chegar no meu objetivo. Dessa vez eu não faço idéia de como vai ser, que especialidade, se faço residência ou não. Mas sei que não estou com pressa. Viver o hoje, amanhã é outro dia!

sexta-feira, 30 de março de 2012

30 dias com ele

Olha nos meus olhos tentando ver o que ninguém vê. Me aperta e me solta. Me puxa e me empurra. Me cativa e me congela. Quem é você? Quem é você que faz meu coração estremecer ao invés de palpitar? Tão perto e tão longe. Tão rápido e tão constante. Quem é você? De olhos clarinhos e barba  mal feita, de cheiro gostoso... Você que chegou ontem e parece que já vai embora. Antes de ir, me diz! Quem é você? Vira e me revira. Agita e me aquieta. Me prende depois me liberta. Faz cara de bobo mas de olhar esperto. Fala do que não sabe e me esconde a verdade. Quem é você? Estranho, quero ser sua.
Thaise Moraes

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vejam só, não me valeu!


"Posso não saber nada do coração das gentes, mas tenho a impressão, de que, de tudo, o pior é quando entra a segunda parte da letra de "atrás da porta", ali no quando"dei pra maldizer o nosso lar pra sujar teu nome, te humilhar". Chico Buarque é ótimo pra essas coisas. Billie Holiday é ótimo pra essas coisas. E Drummonde quando ensina que "o amor, caro colega, esse não consola nunca de núncaras." Aí você saca que toda música, toda letra, todo poema, todo filme, toda peça, todo papo, todo romance, tudo e todos o tempo todo,, antes, agora e depois, falam disso. Que o que você sente é único & indivisível e é exatamente igual à dor coletiva, da Rocinha a Biarritz. O coro de anjos de Antunes Filho levanta no ar, em triunfo, os corpos mortos de Romeu e Julieta enquanto os Beatles pedem um Litlle Help from my friends, e a platéia ainda aplaude e pede bis ( O Gonzaguinha também é ótimo pra essas coisas). Meus amigos, abandonados para que eu pudesse mergulhar, voltaram a mil. Tem seus prazeres o fim do amor. Se é patologia, invenção cristã-judaico-ocidental-capitalista, ou maya, ego, se é babaquice, piração, se mudou- através-dos-tempos, puro sexo, carência, medo da morte: não interessa. Tenho certeza que já estive lá, naquele terreno. Ele existe. (...) O que quero dizer é justamente o que estou dizendo Não estou com pena de mim. Ta tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it´s all right man, I´m just bleeding. Ta limpo. Sem ironias. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições ( amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu."
( Caio F. Abreu)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Os três Mal- Amados


"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha geneologia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida dos meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho dos meus chápeus.O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-x. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.O amor comeu nas estantes todos meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas e canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de próposito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino arquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras, roeu as conversas junto a bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, uma marca de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento do meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."
( João Cabral de Melo Neto)
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Lindo poema. Ah se for amor, como atormenta.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sobre quem sou.

" Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim. E nem entendo aquilo que entendo : pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço." ( Clarice Lispector)


Sobre a vida.

" (...) A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são as suas qualidades, sua cor preferida, seu prato preferido, que bicho seria. Que mania de auto se conhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é. Um perfeito bem intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa. Ser feliz por nada talvez seja isso." ( Martha Medeiros)

Sobre a fé.

" Fé é uma forma de dizer : sim, aceito previamente a maneira como o universo funciona e acredito naquilo que hoje sou incapaz de entender.

( Livro - comer, rezar, amar)